Mãe amorosa, professora dinâmica e mulher de fé define biografia da saudosa Lolita Troncoso Chaves


 

 

 

A talentosa professora da Secretaria de Educação de Morrinhos, comunicadora e presidente da Academia Morrinhense de Letras, Francimar Bezerra de Almeida, escreveu sobre a honrosa história de Dolores Troncoso Chaves. Inspirada em textos escritos pela saudosa homenageada, relata momentos marcantes de sua trajetória de vida. Concebida após dias de entrevistas com familiares e pesquisas em obras literárias, a biografia chega a conhecimento público com um texto leve, emocionante e marcante. Sua paixão por Morrinhos, a arte de ensinar com amor e a dedicação pelos filhos fez de Lolita uma grande mulher. A descrição pode ser acompanhada na íntegra através do site da Prefeitura de Morrinhos.

Apresentação

Foi uma grande honra para mim receber a missão de organizar algumas das memórias de Dolores Chaves Troncoso escritas por ela própria. Eu que recebi dela a cadeira 5 da Academia Morrinhense de Letras e ocupo atualmente a Presidência desta casa nos anos de 2019/2020 me orgulho de receber parte desta herança. A decisão da Secretária de Educação professora Fabiana Toledo em organizar estas memórias escritas, cedidas pela família, foi feita por ocasião do batismo da escola infantil inaugurada em agosto do corrente ano como forma de presentear a família que guardam com todo cuidado memórias de Lolita no coração e fazem questão de mantê-la viva em seu seio. Procurei ser o mais fiel possível aos escritos de Lolita e espero honrar sua memória, ao tratar suas lembranças, em um ensaio de autobiografia. Aqui apresento uma autobiografia não autorizada de Dolores Troncoso Chaves.
Obrigada à família pela oportunidade.

Francimar Bezerra de Almeida
Presidente da Academia Morrinhense de Letras

 

Quem sou eu?

Ao se dispor a registrar suas memórias, Dolores Troncoso Chaves começa se colocando diante do tempo, de toda sua existência. Uma pessoa qualquer vivendo, conscientemente rica pela dádiva da vida dada pelo criador. Para Dolores, a história de sua vida é uma narrativa de luta, sorrisos e lágrimas. Ao sentar para escrever, ela toma as rédeas da vida e conta sua história.

Quem sou eu? Um ser humano como tantos outros, com uma história somente minha. Não estou vendo o tempo passar, estou passando pelo tempo. Sou milionária como todos os seres da terra, mesmo não sendo dona do sol. Nem do céu, nem da chuva, nem do vento, nem do oxigênio que respiro que são presentes de Deus para a vida. Não embrulhados em papéis coloridos, mas pintados pelo arco-íris do universo. A vida, sim. Esta é minha. Minha história de luta, com sorrisos e lágrimas, vai contá-la. Só sei que minha vida é vela e que a felicidade é maior que os desencontros e adversidades. Neste ponto tomo as rédeas da minha história.

Dolores Troncoso Chaves nasceu em Pires do Rio, no dia 12 de abril de 1932. Mas sobre essa de nascimento, ela afirma em suas memórias que há controvérsias, pois seu pai costumava registrar três ou mais filhos de uma vez. Eram nove irmãos. Destes, cinco nasceram em Uberaba: o Roberto, a Maria Aparecida, a Eleuza, a Carmen e David Júnior; Outros três nasceram em Pires do Rio: o Rubens, a Elza e Lolita. E porque Lolita? Por que causa da Tia Lola que se Dolores. Quando nasceu a pequena Dolores Troncoso Chaves passaram a chamá-la de Lolita, a pequena Lola.

Seu pai David Troncoso Carrera era de origem espanhola. A família era composta por Nicolás, o pai, Severina, a mãe, duas irmãs e ele. Ele nasceu na Espanha, numa aldeia chamada Goyan, localizada na província de Ponte Vedra. Sua mãe Vitória Rodrigues era mineira, nascida em Uberaba, numa família de dez irmãos. Seu pai Arthur Rodrigues, espanhol e sua mãe Haidée Moreira, mineira. De sua infância, a idade da inocência, até os seis anos, Lolita morou com seus pais em Uberaba e Pires do Rio. Desses anos, ela retinha poucas lembranças. Contudo, lembrava muito claramente que foi uma criança imaginativa e desde cedo tinha ideias muito próprias sobre como o mundo deveria ser. Muitas dessas lembranças se misturavam entre a fantasia e a realidade da criança Lolita.

Fui uma criança bastante sonhadora e criativa. Fantasiava o mundo como eu desejava: “A casa da galinha preta”, o “macaquinho que roubava o leite das crianças e ficava com o bigode branco”, “a laranja baiana tão grande que se vestia de pingos de barro, num dia de chuva”, e tantas outras histórias.

Chegada em Morrinhos

Em 1938, Lolita entrou de fato no mundo real ao completar sete anos e entrar de fato na idade da razão. Para ela, isso foi um verdadeiro encantamento. A narrativa de sua chegada a Morrinhos é muito poética nos olhos de uma menina que descobria um mundo enorme.

Com os olhos cansados de quem acordava, de dentro do fordinho, que carregava a família inteira, (Ah, Se fosse hoje com as leis do Trânsito! Pobre de meu pai) Dentre meus irmãos, assustada, esticando o pescoço, avistei a cidadezinha, tão poeirenta, mas tão acolhedora. As pessoas já nos esperavam: Meus pais seriam os novos donos do grande hotel. Todos saiam nas portas das casas e abanavam as mãos, crianças corriam ao lado do fordinho, como se fosse o circo chegando. Existiam poucos automóveis, naquela época era novidade.

Dolores relembra sua chegada a Morrinhos e sua imediata paixão pelo lugar. A cidade já cinquentenária em 1939 e ela, apenas uma menina de sete anos. Relembra do Grande Hotel, hoje, Hotel Aparecida, lhe pareceu enorme. Se admirava em sua meninice da quantidade de quartos e do corredor tão comprido. Recordava-lhe vivamente a presença de pessoas importantes que estavam na porta do hotel para cumprimentar seus pais.

Porém a primeira pessoa que veio ajudar foi a Geralda Tassara, que se tornou a grande amiga de minhas irmãs mais velhas.
Faz parte de suas lembranças a capacidade dela poder alcançar toda a cidade a pé, nos limites da Rua Rio Grande Sul, a igreja Nossa Senhora do Carmo e até o fim do açude. Lolita via a cidade de Morrinhos como uma grande família. Enquanto seu pai viajava, sua mãe dona Vitória cuidava do hotel. Assim ela ia descobrindo a liberdade, mesmo vivendo sob os olhos dos pais.

Logo que cheguei à cidade podia correr pela cidade inteira. Da Rua Rio Grande do Sul (que era proibida para as crianças) até a matriz Nossa Senhora do Carmo e de lá até o fim do açude. Lá estava na loja do Sr. Antônio Chaul, onde mamãe comprou minha sandália (aprecata) para a minha primeira comunhão. Nunca perdi o seu cheiro! Morrinhos formava uma grande família. Eu crescia debaixo e fora das asas de meus pais: meu pai continuou a viajar e mamãe virou a hoteleira. Aí aprendi o que era a liberdade.

Nas descrições de Lolita, a cidade era rodeada de erosões e de vegetação própria. O cerrado era fechado para se meter mato adentro, Hoje o local é a praça Pe. Primo Scussolino. Para se chegar lá era preciso atravessar uma enorme cratera. Lá acampavam os ciganos. Belos… Mulheres lindas com roupas vaporosas dançavam e liam as mãos da população que os rodeava para assistir as danças. Os ciganos eram respeitados, porque sabiam respeitar. Enquanto eu contava os anos, a cidade ia se transformando. Era engraçado. Um prefeito nomeado ficava três meses. Saia. Entrava outro que ficava um mês, era substituído. E assim a cidade ia progredindo e os homens desempenhando seus papéis.

Dolores morou no hotel até os 17 anos. Foi aí mesmo que conheceu o Darcy Chaves, com quem se casou.

No correr dos anos

Dolores Troncoso em suas anotações cita vários acontecimentos importantes para a cidade. A cidade ia se fazendo no correr dos anos. Ela lembra que em 1935 inaugurou-se a casa de saúde. Em 1938 funcionou o Ginásio Senador Hermenegildo de Morais.

A alegria que contagiou a população me contagiou, mesmo sem entender o porquê, dei vivas ao primeiro prefeito eleito em 1938; Manoel de Freitas, substituído por Dr. Jurandir Vasconcelos. Foi quando conheci os primeiros currais eleitorais, onde ficavam confinados os eleitores. Ali eles aproveitavam para comer. Nos barracões muita fartura.

Nas lembranças de Dolores Troncoso em 1940 foi inaugurado o fórum. Ela recorda o crescimento da cidade como em um verdadeiro filme numa tela de cinema. Segundo Lolita, surgiram ruas planejadas, prédios soberbos, cinemas, clubes, luz, água, telefone.

Escolas morriam e outras nasciam como contas de um rosário. Algumas continuavam soberanas, outras viraram mausoléus. Casas foram derrubadas e plantadas outras nos lugares. Histórias de famílias simples ou tradicionais se foram com elas.

A descrição do ambiente morrinhense em meados do século XX é riquíssima aos olhos de Lolita. Na parte sul estavam grandes áreas plantadas de árvores frutíferas, como pêssego, goiaba, manga, laranja, ata e frutas exóticas. A criançada pulando a cerca de arame farpado enchia as camisas ou saias de frutas. Lembro-me bem do pasto do senhor Agenor Braga. Misturado ao gado que pastava estava o Éden. O casarão abria seus portões para a população nas épocas da jabuticaba, da manga, do amorão ou outras frutas.

Lembranças claras são também as celebrações juninas vivenciadas pela jovem Lolita. Na casa de seu Salvador Carneiro e Dona Otaviana; no seu quintal eram realizadas as festas juninas, com peneiras cheias de bolos e biscoitos; o levantamento do mastro, fogueiras e “feiticeiros”, que caminhavam descalços sobre as brasas sem queimarem os pés. As moças tiravam a sorte para encontrarem um noivo. Santo Antonio sofria com as moçoilas.

Segundo as recordações de Dolores, o comércio, quem o movimentava eram os moradores com suas lojas, vendas, máquinas de beneficiar.
A grande loja, verduras, frutas e verduras vindas da roça para manter a população; curandeiros, benzedeiras, dentistas, costureiras. Quitandas eram vendidas pela rua, nas casas. Porcos eram mortos pelo próprio dono ou em trocas de pratinhas.

Lembranças de criança: a cidade
Matriz Nossa Senhora do Carmo

A vivência religiosa de Dolores Troncoso acompanhou o crescimento da cidade. Ela relembra da primeira comunhão, das celebrações de coração de Nossa Senhora do Carmo, da cruzada eucarística, do catecismo, do coral cantando ao som das notas do órgão, do sino e seu alegre ou triste badalar chamando para todas as funções.

Não esquecia em sua lembranças das missas em latim com padre de costas para os fiéis; das filhas de Maria, todas de branco; da pia batismal. Ela se lembra das imagens sacras e que grande parte estão desaparecidas. O fato se deu quando a igreja velha foi demolida para a construção de uma nova igreja e várias pessoas da comunidade se apropriou desses ícones religiosos. Na infância de Lolita os bancos da igreja eram reservados, pertencentes à ricas famílias, onde não se podia sentar nem ajoelhar.

Foi naquela Igreja onde vivenciei tudo; me casei, batizei meus filhos, hoje choro por ela.

Praça do Coreto

A praça do coreto aos domingos de manhã era palco de divertimento para a criançada do catecismo. Após a missa realizavam-se competições, cujos prêmios eram: santinhos, medalhas de santos, manual do catecismo. Nos sábados à noite era o lugar de retreta, encontro dos namorados. A furiosa, como era chamada a banda de música Santa Cecília estava presente alegrando o local.

Praça Rui Barbosa

Naquela praça disputavam os times de futebol da cidade, contra os times das cidades vizinhas. O time de Buriti Alegre era o verdadeiro adversário. Aqui ou lá havia quebra-pau, tendo os jogadores se saírem às carreiras, senão chegavam machucados à sua cidade. Até as mulheres dos jogadores de Morrinhos davam pauladas nos contrários de fora. Eu mesma presenciei a dona Mariquita, esposa do Senhor Jorivê Costa de sombrinha em punho atacando os jogadores da vizinha cidade, que se encontravam na carroceria de um caminhão. Diversão naquela época era a criançada na porta da rua, à noite.

Brincadeira era casamento de japonês, passar anel, brinquedos de roda, pique esconde, cinema mudo nos caminhões que passavam na cidade, na porta do hotel com grande audiência. Havia os passeios ao redor da cidade para apanhar gabiroba, pitanga e outras frutas. Passeio a cavalo para as fazendas. Segundo Lolita os cavalos já vinham arreados, da fazenda. Algumas vezes a criançada subia nas carrocerias dos caminhões para chupar jabuticaba.

Outras vezes nas carrocerias de caminhões para chupar jabuticaba ou nos churrascos políticos ou nos churrascos políticos, aonde aconteciam os pagodes. Euforia com a chegada do circo, ciganos, companhias de teatro, com mágico e hipnotizador, onde acontecia o inusitado. Certa feita o mágico hipnotizou um cidadão sistemático e o fez dançar e outras coisas mais. No dia seguinte, ao notar que estava sendo motivo de chacota, o rapaz queria matar o mágico. A companhia teve que sair às pressas da cidade e debaixo da escolta do delegado.

Aos doze anos, eu sentada vendo os pares dançantes, nos bailes realizados no antigo G.E.CEL. Pedro Nunes. Depois mais mocinha já participante, levada por minha mãe, aos bailes de carnaval realizados no cine teatro Hollywood. Naquele dia o cordão de foliões saída rua afora, cantando e entrando nas casas, inclusive no Grande Hotel. Depois eu dançando nos bailes na casa de dona Jordelina.

Não participei da primeira festa do centenário , não tinha idade, mas tenho a lembrança da imagem da Igreja Matriz de N.S. do Carmo.
Projetada no céu em fogos de artifício. Foi um encantamento para meus olhos. Nas festas do centenário seguintes, na minha juventude, minhas irmãs Eleuza, Elza e eu estávamos sempre entre as garçonetes da barraca, cantos, danças e dirigida por dona Lourdes Gentil de Melo. Era uma festa esperada e vivida com grande alegria e entusiasmo, entre risos, champanhe, cantos, danças e dona Torinha sentada a nos vigiar. Apenas um olhar, nos fazia tomar o caminho de casa.

Lolita no Colégio das Freiras

Por ser uma adolescente muito imaginativa e motivo de preocupação dos pais, Lolita foi inscrita no colégio de freiras aos 13 anos. O exame era feito na praça do coreto onde as meninas se colocavam em fila indiana acompanhada por uma das irmãs. Marcou-lhe a lembrança a professora de francês, a francesa dona Valentina.

No Ginásio Senador Hermenegildo de Morais era a seguinte:

Para chegarmos ao GSHM, íamos para o colégio das freiras e acompanhadas por uma delas, também em fila chegávamos à escola. O colégio era misto. Na sala de aula, os meninos sentavam-se na frente e as meninas atrás. Se algum deles virasse a cabeça para trás, era considerado abusivo por olhar as pernas das meninas. O recreio era em pátios separados. Mas ninguém segurava os bilhetes dos namoradinhos. Certa vez recebi um onde o namoradinho de flerte, escrevia “Você é linda! É minha amante!” Já imaginaram o bafafá que iria causar?

Dolores Troncoso guardou esse tempo escolar e seus colegas muito bem guardados na memória. Recorda de algums colegas da 7ª e 8ª séries como: Mário Metram, Raul Costa, Antônio, Dimas Marçal, Cleanto e Custódio, Honório de Melo, Stela Matutina de Paiva e sua irmã Olivia Luzia, Maria Alves, Ivone Barbosa, outros e outras.

Certa vez fugimos do ginásio para vermos a descida da viabrás. Ao chegarmos ao colégio veio o castigo na capela.
Um fato que ficou marcado na memória de Lolita foi o primeiro assalto a banco que aconteceu em 1948.

Lolita na Escola Normal

Segundo os escritos de Lolita, sua vida como professora começou em 1949. Lecionou na escola Normal Maria Amabini de Morais, nos regimes particular e conveniado. Seus primeiros diretores foram o Pe. Frederico Vetori e Pe. Antônio Rodrigues dos Santos.

Em sua primeira turma cursaram Jerônimo Mendonça, Varson, Mario Barbosa e Mário Romano, outro Mário, Edson de Bastos, os irmãos gêmeos Gildo e Gilberto, e outros. O casamento foi um impedimento para Dolores Troncoso continuar lecionando na Escola Normal Maria Amabini.

Por me casar não poderia mais lecionar naquela escola. Voltei anos depois com os diretores: Luiz Girard, Pe. Alcides Spolidoro, Pe. Fernando Broquini, Pe. Vicente, Pe. Mauro Montanholi, Pe. José Luiz Nemes, Pe. Sérgio Araújo.

Enquanto estava na Escola Normal, Lolita se casou e ficou grávida. Isso foi um acontecimento juntos às moças e aos professores.
Como professora do CEXA teve a rica colaboração de Dona Zilda Diniz. Começou dando aula no curso ginasial. O diretor era o Dr. Miguel Frauzino.

Lolita, uma narrativa de vida

Lolita ficou noiva de seu querido companheiro Darcy Chaves em 1949 e em 03 de janeiro de 1951, casaram-se. Entre 1952 a 1962, o casal teve seis filhos. Eles foram crescendo num período de grande luta, superação e vitórias. Com éramos jovens, corajosos e nos amávamos muito, vencemos todos os embates: desemprego, a falta de dinheiro, trabalho exaustivo, lecionando nos três períodos, e o Darcy fazendo o que aparecia. Ao entrar para a CAIXEGO, a vida ficou mais fácil. No período de dificuldade tivemos o apoio incondicional de Dr. Fhilemon e Sônia, do meu cunhado Arédio, minha comadre Iraci, mãe do João Rosa Campos, do Sr. Olentino, de Dona Zilda, dos meus familiares.

Seus pais foram o porto seguro. Sua mãe esteve ao seu lado todo o tempo. À medida que o tempo ia passando, Lolita amadurecia e se preocupava com o futuro de seus filhos. Mas ao escrever sua autobiografia, ela olhava para trás e considerava que sua prole se tornou heroica. Foram adolescentes com visão no futuro, concluíram que os estudos é que transformariam suas vidas. E foram à luta. Com muitas dificuldades, mas com fé nos estudos.

Como foram, só Deus sabe. Primeiro foram para Goiânia Nilo e Álvaro. Faziam o terceiro científico. Veio o vestibular, passaram. No ano seguinte, lá foi o Rogério. No outro ano Bernadete, depois o Júnior e finalmente o Aurélio.

Fora de Morrinhos os filhos de Lolita enfrentaram dificuldades e dividiram república com outros jovens amigos. E a cada ano, um de seus filhos passava na Universidade Federal de Goiás. Com o apoio do grande amigo Ozias, que se tornou um filho para Lolita, o financeiro se tornava mais fácil. Ozias trabalhava na prefeitura de Goiânia e conseguiu um contrato para que alguns deles trabalhassem como professor em uma escola pública da periferia de Goiânia.

Alguns enfrentaram, ainda, o exército, (NPOR). Álvaro, Rogério e Júnior são tenentes da reserva de cá, Darcy e eu éramos o apoio forte, firme e severo. O principal que lhes oferecíamos neles e nela. Durante este período, jamais recebemos uma má notícia ou tivemos uma decepção com eles. Hoje todos são bem sucedidos:

Lolita aponta sua linhagem com orgulho. Cinco Filhos e uma filha, onze netos e cinco netas, uma bisneta e dois bisnetos. E aqui, fala sobre cada um deles.

NILO SÉRGIO: escritor, poeta e contador de causos – é professor Dr. em veterinária, aposentado. Casado com Sandramara Matias educadora, alta funcionária na UFG. Tem três filhos: Dr. Rafael Troncoso, medico dermatologista, casado com Dra. Laila radiologista; Daniela, funcionária e estudante de direito, casada com Artur, arquiteto e Henrique, empresário comercial.

ALVARO NICOLÁS: engenheiro elétrico, aposentado, ainda funcionário. Casado com Maria Aparecida, funcionária do fisco. Filhos: Tiago, engenheiro, funcionário da OI, casado com Juliana e tem dois filhos( meus bisnetos) – Felipe e Nicolás; Dr. Rogério radiologista, casada com Daniela, funcionária da justiça e Dr. David Chaves, recém formado, trabalha em Teresópolis e estuda para residência.

ROGÉRIO CARLOS: engenheiro elétrico, aposentado, prefeito de Morrinhos, casado com Terezinha Amaral, atual secretária da SDS e primeira-dama desta cidade. Eles têm três filhos: Renata, engenharia civil, casada com Wellington Dias; o Darcy Chaves Neto, engenheiro civil, que construiu um Shopping em Rio Verde, e a caçula Bárbara, advogada.

BERNADETE DE LOURDES: relações públicas, professora, aposentada. Casada com Cícero Martinez, ex- funcionário do grupo Jaime Câmara, aposentado. Tem dois filhos: Raquel, nutricionista; Danilo estudante de economia e funcionário de uma multinacional.

DARCY CHAVES JÚNIOR: engenheiro civil, ainda na ativa, casado com Ana Maria Barbosa empresária comercial. Filhos: Juliana, farmacêutica; João Paulo, advogado; Túlio, estudante de medicina.

AURÉLIO RICARDO: pesquisador, economista, professor, funcionário. Casado com Rozanne de Miranda, empresária no ramo da educação. Tem dois filhos: Aurélio Júnior, formar-se-á em medicina no próximo ano. Arthur (meu neto mais novo, com 21 anos) estudante de nutrição e gastronomia.

MARIA CRISTINA: minha irmã e filha de coração ex-funcionária do BB. É casada com Jair Guimarães ex-funcionário do BB e tem um filho Anselmo Troncoso, diretor e produtor de vídeo e DVD; Adriana, odontóloga, casada com Euzébio, advogado e têm duas filhas: Pietra e Clara e a filha Angélica.

Lolita, suas conclusões

Sou professora aposentada em Matemática e Ciências formada pela UFG. Lecionei e ocupei cargos na educação durante quarenta e um anos. Lecionei no grupo escolar Cel. Pedro Nunes onde fui diretora, tendo como secretária a D. Bem Vinda Marçal – sem receber subvenção e não podermos cobrar a matrícula, criamos algumas estratégias para conseguirmos dinheiro: caixa escolar, cada contribuinte dava o que podia e quando; o livro de ouro; teatros; festas de barraquinhas no pátio da escola e outras mais. Com o dinheiro arrecadado criamos a arte e mandamos confeccionar as primeiras bandeiras da escola.

Os alunos mais pobres tinham o chá e um pedaço de pão ao chegarem à escola e ganhavam o uniforme escolar. Compramos os instrumentos da primeira fanfarra da escola e meu instrutor foi o atual cantor Odair José, que também era aluno, me auxiliou, mas me deu muito trabalho; para o funcionamento da escola aos sábados, instituímos dois clubes: clube agrícola (os alunos que gostavam de trabalhar com as plantas, ficaram sócios da horta da escola e aos sábados, de distintivo e tudo, sob a supervisão do hortelão da escola, seu Alvino, trabalhavam na horta).

Com o produto era feita a merenda da própria escola com a colaboração dos alunos que levavam os demais ingredientes. ( Não existia a merenda escolar). Mandamos um relatório para a secretária da educação sobre o funcionamento do clube agrícola e recebemos um caminhão cheio de sacos de leite em pó (os primeiros que vieram para a escola) e vários instrumentos para o clube agrícola. Instituímos o clube esportivo: os alunos formavam times de futebol e fazíamos os campeonatos. Os clubes funcionavam aos sábados. Nas aulas de trabalhos manuais, com o empréstimo de uma máquina de costura da professora de trabalhos manuais Suzana Reis, Instituímos as aulas de costura. As alunas maiores faziam aulas de corte e costura.

Participei na Rádio Morrinhos da novela “Helena” e de peças teatrais dirigidas por dona Zilda Diniz. Fui sócio fundadora do Conselho Municipal de Cultura, da Casa da Amizade de Morrinhos, da Academia Morrinhense de Letras e do CEM, onde lecionei. Fui Presidente da Sociedade Dramática e Literária de Morrinhos por dois anos e brindamos a população de Morrinhos com duas edições do Auto da Paixão.

Dona Lolita nos deixou em 17 de novembro de 2014 e foi recebida pelo mundo invisível, e por sua fé, acreditamos com grande celebração.

Dolores Troncoso Chaves foi uma professora dinâmica, uma mãe amorosa que não passava a mão na cabeça, por isso seus filhos se dedicaram tanto e venceram, bem como seus netos. Amante da arte e da literatura deixou um legado que perdurará por dezenas e centenas de anos. Entre seus escritos: “Metamorfoses, O poder dos três amigos…” bem como autora do Sistema em 2014 e 2015. Atualmente nomeia a fanfarra da Escola Estadual Pedro Nunes e a Escola de Educação Infantil do setor Genoveva Alves, inaugurada em 29 de novembro de 2019. Cito, então, a Escola de Educação Infantil Dolores Troncoso Chaves “ Dona Lolita”.